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da Folha Online
O novo presidente da Volkswagen no Brasil, Thomas Schmall, no posto há menos de três meses, disse em sua primeira entrevista após assumir o cargo que a empresa trabalha com objetivo de crescer 7% no faturamento neste ano e deve ficar em segundo lugar em vendas, focando no mercado interno. A empresa apresenta hoje o Novo Golf, primeiro lançamento na gestão de Schmall.
Após oito anos no vermelho, a empresa fechou 2006 com pequena margem de lucro, em um ano marcado por cortes de pessoal, queda na produção e nas exportações e ameaças de fechamento de unidades. Agora, a montadora alemã quer acelerar os investimentos, traça estratégias para concorrer com a China e quer lucro substancial ao final deste ano.
Raimundo Pacco/Folha Imagem |
Presidente da Volks no Brasil, Thomas Schmall, diz que não há problema em "decisões duras" |
Para ganhar a preferência do consumidor brasileiro, Schmall aposta em qualidade e investimentos em novos veículos. A empresa lança dois modelos em 2008. "'É preciso adaptar o carro para o mercado nacional. Carro mundial não existe. Os clientes são diferentes, o ambiente é diferente."
O executivo afirmou que o objetivo da empresa é fechar 2007 em segundo lugar em market share, subindo uma posição em relação a 2006, mas que retornar à liderança levará mais tempo. "Meu objetivo é deixar a empresa sustentável. Vamos liderar, mas não a curto prazo para não quebrar a empresa. Como? Com produto, o que falta é produto", afirmou.
Schmall disse que tem três objetivos em sua administração, melhorar os produtos, tornar mais eficiente o processo de produção para garantir bom resultado e fortalecer a equipe.
O plano de investimento da empresa para o Brasil anunciado no ano passado, de R$ 2,5 bilhões até 2011, deve ser acelerado e ter ações antecipadas, mas não deve se encerrar antes de 2011. Schmall não fala mais em corte de custo ou de pessoal e acha que a administração de seu antecessor, Hans-Christian Maergner, foi importante porque preparou "terreno para a construção da casa".
Exportação
Schmall disse que a pressão do câmbio, com a valorização do real frente ao dólar, derruba a vantagem do custo baixo de produção, entre 20% e 30% em relação a Alemanha, mas que o carro brasileiro ainda é competitivo e dá lucro na exportação.
Se o câmbio ficar mais forte, no entanto, a empresa terá de reduzir mais as vendas externas, afirmou Schmall. Em 2006, a Volks exportou 33% da produção, mas chegou a 40%.
Os principais mercados consumidores atendidos pela Volks são Alemanha, China e Brasil, nessa ordem.
Sobre a concorrência dos carros chineses, que começam a invadir o mercado de veículos e são considerados uma "tsunami" pela Anfavea (associação das montadoras), Schmall disse que reconhece que o país será um dos primeiros do mundo em produção de veículos, mas aposta na criatividade e na inovação dos nacionais como vantagem para enfrentar os concorrentes. "A única chance de sobreviver é com conteúdo, dar valor ao cliente", afirmou.
Perfil
O alemão Thomas Schmall, 43 anos, é formado em administração e economia e está na empresa desde 1991. Casado com uma brasileira, morou no Brasil de 1999 a 2003, quando dirigiu a unidade da Volks de São José dos Pinhais (PR). Nos últimos anos trabalhou na Eslováquia.
Com um perfil mais despojado do que seu antecessor, Schmall tem um cuco na sala e cobra "multa" de R$ 30 dos executivos que se atrasam para as reuniões agendadas, denunciado pelo toque do relógio. "Quem manda é o cuco", brinca. O dinheiro, que não informou em quanto está acumulado, pretende doar no fim do ano