sábado, 29 de janeiro de 2011

Jr

Severino trabalha como catador desde os 12 anos, mas hoje é um líder na América Latina/Foto: Divulgação

O potiguar Severino Lima Júnior poderia lamentar a realidade difícil de uma vida dedicada ao trabalho árduo. Aos 12 anos de idade, ele já se misturava às centenas de catadores de materiais recicláveis do aterro sanitário de Natal, na capital do Rio Grande do Norte. A condição humilde da família fez com que ele tivesse de encarar o odor e os demais obstáculos de se trabalhar em meio ao lixo, em vez das brincadeiras comuns dos outros meninos de mesma faixa etária.

Mas apesar de tantas adversidades enfrentadas desde cedo, Severino não se prende a lamentações. Com o passar dos anos, o esforço e as circunstâncias fizeram dele uma das principais lideranças do setor em toda a América Latina. Atualmente, é líder-parceiro da Fundação Avina e também representa o Movimento Nacional de Catadores de Recicláveis (MNCR) em eventos internacionais, além de ser um dos articuladores da Rede Latino-Americana e Caribenha de Catadores.

Nesta entrevista ao portal EcoDesenvolvimento.org, Severino conta fatos marcantes de sua trajetória e a importância do trabalho que desenvolve, ao reivindicar melhores condições de trabalho e contribuir, ao mesmo tempo, para o desenvolvimento sustentável da sociedade.

EcoD: Desde 1999, o senhor e outras lideranças do setor de materiais recicláveis articulam a criação de uma organização capaz de representar os interesses da categoria. Como se deu essa iniciativa?
Severino: A partir do conhecimento de que outros catadores do Brasil lutavam por direitos trabalhistas em seus municípios. Entre outros pontos, eles reivindicavam um melhor acesso às ruas para coletarem esses materiais.

EcoD: E como o MNCR está organizado?
Severino: O movimento tem representantes em todos os estados brasileiros. É uma grande organização. Eu, no caso, sou um dos representantes da região Nordeste.

EcoD: De que forma o MNCR contribui para com a preservação do meio ambiente?
Severino: Principalmente com a redução do uso de matérias-primas de origem virgem, como garrafas de vidro e materiais plásticos. Imagine como seriam os lixões e as ruas sem nós catadores! Acho que não teríamos mais espaços para colocar tanto lixo...

EcoD: Como o senhor encara o fato de ter começado a trabalhar no "lixão" a partir dos 12 anos?
Severino: Foi parte de uma necessidade. Mesmo assim, tenho muitas lembranças e histórias boas do Lixão de Natal. Alguns desses relatos são tristes, mas também tem muitas coisas alegres, que me deixaram feliz. O principal deles diz respeito às alianças de casamento de minha esposa e eu. Sabe do que elas foram feitas? Acredite: a partir do ouro de coroas dentárias encontradas por um companheiro de trabalho lá no lixão. Apesar do inusitado, elas ficaram muito bonitas. Minha esposa e eu ficamos muito emocionados com o presente.

EcoD: Existe diferença entre catadores de materiais recicláveis e garis?
Severino: Nós definimos como catadores de recicláveis aqueles que catam materiais de ferro-velho, sucata, papel e papelão, além de vasilhames. Também enquadramos aí os membros de cooperativas de sucata, que separam e fazem à triagem desse material. Já os garis são aqueles profissionais que coletam o lixo domiciliar, ou seja, os resíduos in natura (sem nenhuma seleção).

Ecod: Mais alguém na sua família exerceu ou ainda exerce essa profissão?
Severino: Dois irmãos meus também cataram muito no lixão durante a infância. Atualmente, um deles é pastor de uma igreja evangélica, enquanto o outro é policial militar.


Ao lado de senadores em Brasília (DF), para discutir a regulamentação dos marcos regulatórios e destinação de resíduos sólidos. /Foto: Moreira Mariz/Agência Senado

EcoD: Como liderança dos catadores de materiais recicláveis, o senhor já percorreu boa parte dos países. Será que aquele menino do Lixão de Natal imaginou, algum dia, alçar voos tão altos?
Severino: Rapaz (pausa)... Não. Nunca imaginei que um dia viajaria tanto para lutar por essa causa. Outro dia, viajando pela Europa para conhecer experiências inovadoras das coletas de alguns países de lá, em companhia de outro amigo de lutas, chamado Roberto Laureno, comentei justamente isso. Nós refletimos sobre essa pergunta durante algum tempo, olhamos para o início de nossa luta e chegamos à conclusão de que não tínhamos essa dimensão. Não é tão fácil. Hoje somos referência na América Latina, em decorrência de nosso modelo de organização e articulação.

EcoD: Na sua opinião, quais foram os principais avanços da categoria desde que o MNCR foi criado, em 2001?
Severino: Sem dúvida, a regulamentação da profissão, que nos permitiu o acesso às políticas publicas. Também destaco os avanços da relação com o governo federal e a criação do decreto 5940 [de 25 de outubro de 2006], que institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis.

EcoD: Como o senhor vê a realidade dos catadores atualmente no Brasil? Falta conquistar algo mais?
Severino: Um dos problemas que encontramos é a burocracia, que em nossa concepção, existe para dificultar o acesso dos menos favorecidos ao acesso dos investimentos públicos. Nós temos conquistas importantes que precisam ser celebradas, mas também precisamos de melhorias para a capacitação do nosso trabalho. Eu e os meus companheiros defendemos a criação de novos postos de emprego para os catadores. Outro problema são os atravessadores, que prejudicam os catadores de cidades distantes das capitais.

EcoD: Prejudicam como?
Severino: A crise financeira mundial afetou a nossa categoria de maneira muito drástica. Só para você ter ideia, perdemos mais de 70% de nossa renda, perdemos também o mercado de vários materiais que ficaram inviáveis para a comercialização devido ao custo operacional. Existiam muitos atravessadores/sucateiros que tinham lucros exorbitantes (de até 200%). O que eu quero dizer é que essa recessão global nos ensinou muitas lições. A principal se refere à união que os catadores precisam ter. Unidos, nós somos capazes de vender direto para a indústria. Sem o devido conhecimento, a categoria cede ao assédio desses sucateiros, entende? Precisamos comercializar os materiais em rede, direto para as indústrias.

EcoD: Como o senhor avalia a organização dos catadores de materiais recicláveis nos países da América Latina?
Severino: De uns quatro anos para cá houve um grande avanço nesse sentido. Tivemos a criação da Comissão Nacional de Catadores do Chile, um congresso em nível continental na Colômbia, encontros na Bolívia, Uruguai e Equador. Na Argentina há um movimento muito bem fortalecido e politizado. O Peru também costuma sediar eventos nacionais e grandes congressos. Penso que podemos avançar mais nos países da América Central, que costumam registrar mais dificuldades e apresentar mais problemas organizacionais.

EcoD: O senhor esteve em Bonn, na Alemanha, em junho deste ano, para participar de um encontro mundial sobre as mudanças climáticas. O que pode ser destacado dessa experiência?
Severino: Foi bom porque pudemos discutir as ações de redução das emissões de gases de efeito estufa por meio da mitigação, além de colocarmos a nossa categoria no centro da discussão de temas importantes, capazes de afetarem diretamente a vida das pessoas em todos os países. Hoje nós temos a perspectiva de que, nos próximos anos, poderemos aprovar uma metodologia que possibilite o nosso beneficiamento em relação ao bônus comercializado no mercado internacional de créditos de carbono.

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