TUNÍSIA
TUNÍSIA, OÁSIS DE SERENIDADE
Uma viagem a Tunísia é uma viagem por uma história de mais de três mil anos. As pegadas de fenícios, cartaginenses, romanos, bizantinos, turcos ou espanhóis, vão aparecendo conforme se percorrem as diferentes zonas do país. Nesses passeios se descobre também um povo hospitaleiro. De raízes bereberês, os tunisianos sempre souberam que uma xícara de chá reconforta e alivia ao viajante mais cansado, procedente do deserto ou de qualquer outra zona do mundo. Mas não é sua história e hospitalidade o que caracteriza a Tunísia pois, embora possa parecer uma miragem, o país oferece também excelentes praias de areias brancas e águas transparentes, clima moderado, verdes vales cheios de flores, encantadores oásis com refrescantes palmeiras, douradas dunas, deliciosos dátiles, cativador artesanato ou travessias por um incomensurável deserto no qual podem-se ouvir a voz do silencio.
Entre os zocos barulhentos de suas cidades, onde abundam fios tanto para criar tapetes como para tecer amizades, também se cinzela com precisão o bronze igualmente que se cria e molda uma rica vida cultural. As inumeráveis mesquitas disseminadas por todo o país, centros da vida religiosa com seus minaretes que se erguem dominando o vasto horizonte, escondem rincões de recolhimento nos que se concentra o espírito de todo um povo.
Quando o aroma do jasmim e da flor de limão envolve os entretenidos cafés, entre uma festa de cores, os sentidos do visitante são vítimas de uma mágica miragem. Mas as inconfundíveis paisagens, as notas da música malouf, a sedução de suas tradições, o vapor dos banhos hammam e a grandeza de seu passado e presente, confirmam que o que se vive não é uma ilusão óptica. Aqui, as miragens já não existem, o fantástico converte-se em realidade.
E embora as dunas se movam de um lugar a outro, no grande Erg Oriental, a essência da Tunísia, oásis de serenidade, permanece sempre inalterável.
SITUAÇÃO E GEOGRAFIA DA TUNÍSIA
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA
A Tunísia, da mesma forma que os países da região ocidental do norte da África se denomina Estados do Magreb e que em árabe significa Oeste, com o que se designa às terras mais ocidentais do mundo árabe.
Tunísia no aspecto a tamanho é o menor deles e encontra-se situado no extremo oriental do Atlas e na margem do Mar Mediterrâneo. Suas fronteiras estão limitadas ao nordeste com Argélia e ao sul e sudeste com Líbia, pelo norte e o noroeste com o mar Mediterrâneo.
Tunísia têm uma extensão de 164.150 quilômetros quadrados de superfície com uma largura média de 240 quilômetros, o que supõe um pouco menos de um terço da superfície total da Espanha e conta com um litoral de uns 1.300 quilômetros recortado pelos golfos da Tunísia, Hammamet e Gabes.
Existem três zonas claramente distinguidas: a zona dos Tell, que está formada pelas cadeias montanhosas deste nome, o Tell marítimo e o Alto Tell, onde predomina o relevo montanhoso, que se prolonga para a costa e onde se intercalam vales. Esta zona, devido às chuvas que aqui se produzem, permite a seus habitantes recolher uma colheita regular ao longo de todo o ano. A segunda região é a das Estepes Centrais Altas e as Baixas, com um relevo mais baixo que a anterior e levemente acidentada pelas montanhas do norte e pelas bacias como a do Chott o Djerid; para finalmente chegar à Região do Sul, constituída pela prolongação para o norte do deserto do Sahara.
As cadeias montanhosas que seguem em direção nororiental pertencem ao sistema do Atlas, de recente movimento e, que desde Marrocos e através de Argélia, continua por Tunísia onde perde altitude de maneira clara. Suas montanhas chegam até o Cabo Bon e ao Hinterland do Golfo de Gabes. Ao oeste se eleva a montanha mais alta do país, o Djebel Chambi com 1.554 metros.
As cordilheiras do Atlas se misturam com extensas mesetas esteparias que continuam para o interior do país num estepe plano, onde isoladamente surgem alguns maciços montanhosos como os de Djebel Orbata, com uma altitude de 1.165 metros, o Djebel Sidi com 1.029 m ou o Djebel Nara com 722 m.
A costa setentrional se caracteriza claramente pelos dois tipos de paisagem que nela pode-se admirar: Na parte ocidental, a serra que está coberta de bosques, enquanto que para o leste, comunicando-se com a região das colinas de Mogod, se estende uma zona mais bem árida e com extensos maquís.
A costa oriental pertence à região das estepes, mas o povo tunisiano têm conseguido transformá-la em férteis campos. Para o interior a região estende-se desde Zaguán até o oásis de palmeiras datileras de Zarzis, na frente da Ilha de Djerba. A diferença do Sahel setentrional em volta de Susa, a porção meridional que circunda Sfax, apresenta um clima muito mais seco submetido já à influência do Sahara.
Em direção leste-oeste e desde o Golfo de Gabes até a fronteira argelina estende-se a enorme região dos Chott, os chamados lagos salgados secos. O maior deles é o Chott O Djerid, com uma extensão de uns 5.000 quilômetros quadrados seguido de seus subsidiários Fejej e de Gharsa, no oeste. Como os chott são alimentados pelos uadis (palavra de origem árabe que significa o mesmo que torrente seco), que levam pouco caudal de água e nunca se enchem por completo, a intensa insolação estival provoca a evaporação do líquido, pelo que a superfície destes lagos se cobre de grossas camada de sal de 3 a 5 cm de espessura, sendo possível dar um alucinante passeio.
A única rede hidrográfica importante do país encontra-se na zona norte e está formada pelo Medjerda e os afluentes Miégéle, Tessa e Siliana. Do mesmo modo destacam, o Golfo da Tunísia, "al-Túnisi", a península do cabo At-Tib, no norte, os Golfos de Hammamet, "Al-Hammámát" e Gabes, "Al-Qábis", no leste e o Golfo de Gabes, fechado no extremo sul pela ilha de Djerba, "Garbah".
Flora e Fauna da Tunísia
Tunísia conta com uma variada flora e fauna devido à grande variedade de microclimas com que conta e que vão desde os desertos arenosos, passando por lagos salgados, até as zonas costeiras com diferentes ilhas.
FLORA
Na zona do norte do país, sobretudo da costa oriental e setentrional, a flora é do tipo mediterrânea. Entre as muitas e chamativas plantas subtropicais encontram-se os hibiscos, as buganviles, os aromáticos jasmins, os cítricos, as oliveiras e as videiras. Na serra norte de Kroumir, encontram-se belos bosques povoados nos que crescem os redondos sobró e as grandes azinheiras, enquanto que na zona de Mogod, crescem plantas típicas do maquís como os fetais, as urzas e as giestra. Na zona de Tabarka predominam os bosques com árvores variados como os dules, os álamos, as salgueira e os fetais. Nas regiões altas do Atlas dominam sobretudo os zimbros e os pinos de Alepo. Na zona próxima à capital e para o sul, até Nabeul e Hammamet, em Cabo Bom, predomina a variada e chamativa flora de cultivo como jasmins, magnólias, gerânios, vinhedos, laranjeiras e limoeiros.
Na zona central, conhecida como o Sahel, as bonitas palmeiras tamarineiras são a imagem dominante. Na zona mais ocidental, para a fronteira com Argélia, predominam os vales cultivados de esparto, enquanto que nas regiões limítrofes a Monastir e Sousse se dão os hibiscos, gerânios, jasmins e oliveiras.
Na zona sul, que compreende desde a região de Gafsa até as fronteiras com Líbia e Argélia, o deserto começa a fazer ato de presença. Na Ilha de Djerba pode-se contemplar as longas palmeiras e uma grande variedade de árvores entre as quais encontram-se as oliveiras, figueiras, granados, alforrobeiras, macieiras e os pessegueiros. Em Gabes podem-se admirar as formosas e diversas flores todas elas próprias das areias, das dunas ou dos leitos argilosos dos rios. Para o sul de Chott O Djerid encontram-se algumas plantas próprias das altas mesetas do Serif. Já na zona desértica o que prevalecem são as dunas, sem nenhum tipo de vegetação.
FAUNA
Com relação à fauna tunisiana, as espécies de grande tamanho como os leões do Atlas, panteras, avestruzes, antílopes oryx, carneiros selvagens ou elefantes estão se extinguindo. Enquanto que às espécies de guepardos, hienas listadas, cervos de berberia e búfalos encontram-se reduzidos a uns quantos exemplares e baixo estrita proteção do Governo tunisiano. Na zona norte em Tabarka e na serra de Kroumir habitam javalis, raposas, lebres, chacais, gatos selvagens e montanhês. Em Nabeul e Hammamet encontram-se diferentes espécies de raposas, chacais, lebres, codornas e javalis. Por o contrário nas regiões meridionais, zonas desérticas ou pré-desérticas habitam os fenec, os gerbos do deserto, os temidos escorpiões, as perigosas víboras cornudas, numerosas espécies de serpentes, o zorreig, ao que temem especialmente os nômades, e os camaleões. Com respeito ao famoso macaco magot somente pode-se ver nos chotts meridionais.
Uma das espécies mais características e apreciadas pelos tunisianos é o dromedário, introduzido desde Ásia há mais de 1.500 anos, este animal têm adaptado perfeitamente ao meio e é, sem dúvida, um exemplar fundamental na cultura do deserto, pois a existência dos nômades que está cada vez mais reduzida, depende em boa parte deles. Desta espécie se aproveita a pele, a gordura, a água, os excrementos para o fogo e a construção das choças, leite e a carne, além de ser um excelente meio de transporte para atravessar os áridos desertos.
Entretanto, o mais interessante da Tunísia é sua ornitofauna, com mais de 400 espécies de aves. Nos lagos existem multidões de anátidas, limícolas, flamingos ou estorninos, que em primavera criam nas áreas meridionais dos chott. Cabo Bon acolhe uma grande riqueza de pássaros diversos como ratoeiros ou falcões. Enquanto as garcetas, os chorlitejos patinegros, os tarros brancos e as gaivotas vivem de maneira permanente em Tunísia. As aves migratórias como as cegonhas ou as andorinhas passam todo o inverno no país. Na época da migração os céus tunisianos oferecem um espetáculo impressionante com milhares de aves voando para seu destino.
História da Tunísia
Tunísia goza de uma situação privilegiada que têm determinado que desde a antigüidade seja ponto de encontro de numerosas civilizações mediterrâneas.
PRÉ-HISTÓRIA
Sem dados concretos se crê que, como no resto da África setentrional, Tunísia deve ter sido colonizada pelos primeiros homens há aproximadamente um milhão de anos. Porém seus primeiros restos conhecidos pertencem ao Paleolítico Inferior de onde nos têm chegado os bifaces de Gafsa. Em estes tempos o clima da Tunísia era mais parecido ao da África Equatorial com grandes períodos de calor e abundantes precipitações e uma paisagem de savanas no que habitava uma fauna parecida à de Kenia na atualidade, com búfalos, elefantes, leões e hipopótamos, entre outros animais.
Com as glaciações européias no Paleolítico Médio, o clima do país se volta mais suave e são abundantes os bosques que substituíram as savanas. Durante este período se desenvolve o Ateriense, a primeira civilização pré-histórica do Magreb e do Sahara. Logo aparece um regionalizo nas civilizações pré-históricas com culturas epepeleolíticas como o iberomauritánico, do tipo Cro-Magnhon, e o Capsiense, do tipo mediterrâneo. Ambas são culturas completamente diferentes e se repartem o Magreb durante aproximadamente os 10.000 anos que precedem à era cristã.
Em tempos posteriores, três milênios antes de Cristo, com a dessecação do Sahara, chegaram homens de outros povos. Destes encontros surge a cultura líbica ou protolíbica, a quem os romanos chamavam "barbarus", derivando-se de aqui o término beréber, nome tradicionalmente aplicado à população da parte noroeste da África entre o Mediterrâneo.
OS CARTAGINESES E AS GUERRAS PÚNICAS
Os fenícios, povo comerciante da Ásia Menor, se estabeleceram na África setentrional desde o século XII a.C. em modestas colônias, que funcionavam como acampamentos de descanso em suas viagens a Gades, a atual Cádiz. A colonização inicia-se com a fundação de Cartago no ano 814 a.C. por habitantes do reinado de Tiro, e em pouco tempo se converteu na capital de uma república marítima que estendia suas redes comerciais pela Espanha mediterrânea e pelo norte da África. Esta primazia provocou a rivalidade com Roma, dando inicio às Guerras Púnicas, mantidas entre Roma e Cartago pela possessão de Sicília e as rotas comerciais.
Na primeira delas, entre os anos 264-241 a.C. Cartago perdeu as ilhas de Sicília, Cerdenha e Córcega. A segunda Guerra Púnica, que se desenvolveu entre os anos 218-202 a.C., têm seu ponto de partida nas localidades de Sagunto e Valência, colonizadas por Aníbal. Este general, para adiantar-se aos romanos, cruza os Pirineos e os Alpes saindo vitorioso nas cidades de Tesino, Trebia, Trasimeno e Cannas chegando até as portas de Roma. Os romanos enviaram a Escipão o Africano e Aníbal, que havia voltado da Itália, foi derrotado em Zama no ano 202 a.C. Os contra-ataques deram de novo a vitória aos romanos, graças ao apoio de um chefe beréber chamado Masinissa, que era o rei dos Numidias e Cártago aceitou uma paz humilhante e perdeu todas as colônias e parte de seus territórios africanos.
A meados do século II a.C. os cartagineses atacaram aos Numidias, que os acossavam constantemente, e Roma declarou o que seria a terceira Guerra Púnica, que teve lugar entre os anos 149-146 a.C., sendo uma guerra curta e decisiva. As legiões romanas sitiaram a cidade de Cartago e depois de uma persistente resistência, no ano 146 a.C., a vila foi destruída definitivamente por Escipão Emiliano após um arrepiante suicídio coletivo.
O DOMÍNIO ROMANO
Cartago foi reconstruída mais tarde chegando a ser capital da província da África romana, a faixa da Tunísia próxima ao mar. Os romanos outorgaram a liberdade às antigas cidades cartagineses para evitar conflitos com os Numidias aos que venceram em Yugarta. Foi durante o domínio de César quando Cartago foi reconstruída depois de anexar-se o resto do norte de África, brilhando com resplendor desde o século I até o século VI. Então surgiram cidades como Thugga, Thuburbo, Majus, Regia e Maktar. A riqueza da província não se devia ao comércio, como na época púnica, senão à agricultura. Como Egito, a província se constituiu no celeiro de Roma o que fez que Cartago chegara a ser a terceira cidade em importância do império, depois de Roma e Alexandria.
Com a queda do Império Romano o território africano seguiu as mesmas vicissitudes e no ano 429 de nossa era os vândalos assaltaram e tomaram Cartago.
VÂNDALOS E BIZANTINOS
Procedentes de Andaluzia, os vândalos conduzidos por Genserico conquistam a província romana de África. Porém, depois da morte de seu líder no ano 447, seus seguidores foram incapazes de prosseguir sem ele. Os vândalos que subsistiam, fundamentalmente, graças à pirataria e devido à anarquia que reinava entre eles não conseguiram manter sua supremacia, pelo que no ano 534, o imperador Justiniano, do Império Romano de Oriente ou Bizantino, envia uma armada ao mando do general Belisario, pondo fim ao caótico estado vândalo. Se criou, novamente, a província da África e os bizantinos conseguiram restabelecer a ordem e defender seu território dos bereberês do sul e do oeste.
O DOMÍNIO ÁRABE
No ano 647 d.C. inicia-se as primeiras incursões dos árabes, que, aos 15 anos da morte de Mahoma e movidos pelos ensinamentos do Profeta, conquistam os territórios do norte da África vencendo aos bizantinos. Foi o califa Utmam quem decide invadir os territórios, que batizados novamente pelos árabes se chamaram grande Magreb e Ifriquiyah, a atual Tunísia. Os árabes se impuseram progressivamente e, depois da fundação de Kairuám no ano 670 e após a toma de Cartago no 698, se fizeram donos absolutos do território. Porém, os bereberês que se converteram ao Islam o fizeram desde a rama radical kharechita ou jariyita, a qual defendia a igualdade de todos os muçulmanos, provocando ao longo do século VIII inacabáveis revoltas entre os extremistas do Islam e os sunnitas.
No ano 800, Ibrahimibm o Aghlab, fiel aos abbasíes, se impôs como Mediador entre os bereberês, pelo que o califato de Bagdade lhe concedeu o título de emir. O período aglabí trouxe ao longo de quase um século o bem estar, a calma e o florescimento cultural ao país. Porém, os problemas de sucessão califal provocaram o nascimento de diferentes seitas religiosas, entre as que se encontravam a dos fatimíes, a frente do Abu Abd-Allah, quem em companhia dos bereberês Ketama conquistam Kairuám no ano 969. Com o tempo decide mudar e se constrói a cidade de Mahdia, situada na costa oriental Tunisiana.
Movidos pelo ideal de construir um grande estado para destruir aos abbasíes decidem fazer incursões em Egito. Trás vários fracassos, conseguem no ano 939 triunfar e fundam a cidade do Cairo, deixando a Tunísia em mãos dos ziríes bereberês.
No ano 1048 os ziríes tentam liberar-se da soberania fatimí, e se produz a ruptura com Egito. Porém, o califa do Cairo envia aos nômades salteadores de Banu Hilal, que conseguem invadir o território da Tunísia no ano 1057. Os Hilalíes devastaram por completo o país, submergindo-o na mais absoluta das anarquias. Ao mesmo tempo os normandos ocupavam Sicília e desembarcam, finalmente, em Tunísia no ano 1148. Mas, os normandos foram expulsos no ano 1159 pelas tropas marroquinas almohades que ocupam o país. Se inicia um curto período de prosperidade que se vê interrompido pelo filho de Abu Hafs, que com a morte de seu pai decide autoproclamar-se emir, iniciando o período Hafsida.
PERÍODO HAFSIDA
Neste período reinou a paz em Ifriqiyah, a atual Tunísia, durante 50 anos. Todos os artistas, eruditos, artesãos e camponeses andaluzes que tinham fugido da Espanha muçulmana, contribuíram decisivamente a esse período de prosperidade cultural e material. Porém, pouco a pouco, as rivalidades e os levantamentos conduziram à decadência dos hafsíes.
TURCOS E ESPANHOLES
Trás a reconquista de Espanha e com a recuperação de Granada, o novo reino se lança à conquista do norte de África. No ano 1535 o rei Carlos V, reconquista Tunísia e devolve o poder ao antigo rei hafsida. Porém em 1558, o grego Dragut ocupa a Ilha de Djerba e a cidade de Gafsa em nome do sultão turco. Depois de várias lutas os turcos e seus aliados berberiscos acabam com a dominação espanhola e no ano 1574 Tunísia é anexada ao Império Otomano. Os turcos permaneceram como donos do país até o ano 1881. Baixo o domínio turco se produz em 1705 a fundação da dinastia dos huseinidos, que se prolongou até o ano 1855.
PROTETORADO FRANCÊS
A sorte da Tunísia foi selada desde o exterior, durante o Congresso de Berlim, no ano 1878, se deu autorização a França para conquistar Tunísia. O governo francês em 1881 e de acordo a sua política imperialista converte à cidade da Tunísia num protetorado seu. O Bey continuou ostentando o trono, mas os franceses se fizeram cargo do governo. As terras passaram a mãos dos colonos franceses, embora se respeitou aos fazendeiros tunisianos. Os camponeses foram expulsos a terras estéreis ou bem, passaram a ser trabalhadores nas propriedades francesas. Da miséria social e material surgiu, a início do século XX, a resistência e os movimentos independentistas dirigidos pela elite tunisiana. Em 1920 se fundou o Partido Liberal Constitucional Destour, cujos dirigentes utilizavam um tono moderado frente a França. O advogado Habib Bourguiba, educado em França, desprezava a suave postura do Destour e no 2 de março de 1934 funda o partido Neo-desturiano, com tonos mais agressivos pelo que, rapidamente, converte-se num partido de massas.
A INDEPENDÊNCIA E A TUNÍSIA ATUAL
Depois da II Guerra Mundial, Bourguiba apresentou um plano de independência escalonada, que foi desprezado por França. Porém, depois de vários movimentos populares, o 20 de março de 1956 se consegue a independência da Tunísia sem haver derramado nem uma gota de sangue. Pouco depois, o Bey nomeou a Bourguiba primeiro ministro e nesse mesmo ano o país ingressou como membro de pleno direito nas Nações Unidas. Em 25 de julho de 1957, o parlamento destituiu ao Bey e Tunísia se converteu numa República com Habib Bourguiba como presidente. Borguiba conduzirá ao país à modernização reforçando seu prestigio exterior. Em 13 de agosto de 1956 se promulga uma das reformas mais revolucionarias da legislação islâmica, o Código do Estatuto Pessoal, que faz à mulher Tunisiana juridicamente igual ao homem. Em 7 de novembro de 1987, dado o precário estado de saúde do presidente Habib Bourguiba passa a ocupar a presidência Zine o Abidine Bem Ali, quem empreende uma política econômica de inspiração liberal, modernizando à vez as estruturas sociais e comprometendo a seu país no pluralismo e a democracia política.
A atual Tunísia está dividida em 23 governos civis, cada um deles baixo a autoridade de um governador. A agricultura, a pesca e a transformação dos produtos agrários têm uma grande importância na economia Tunisiana. O 65% da população está implicada de alguma maneira nestas atividades. Em Tunísia, além de fosfato, aproximadamente o 80% da produção minera, existem jazidas de ferro, chumbo e zinco. As principais exportações da Tunísia são os produtos cítricos, o azeite de oliva, o vinho, a sal, o enxofre e os dátiles. O turismo é a segunda fonte de divisas do país e desempenha um papel muito importante na economia contemporânea do país.
Arte e Cultura da Tunísia
Tunísia está situado num território sobre o que têm-se ido acumulando as expressões artísticas mais importantes do Magreb. Desde tempos muito remotos têm convivido a cultura dos habitantes do deserto com a cultura clássica do Mediterrâneo oriental e, desde há mais de cem anos, com a Europa Ocidental. Em Tunísia ficam restos de diferentes épocas e culturas, principalmente do período romano.
PRÉ-HISTÓRIA
Existem restos pré-históricos do período Capsiense, século VI-V com restos de diferentes épocas e cultura na cidade de Gafsa, do mesmo modo repartidos por todo o país há monumentos similares aos do âmbito Mediterrâneo ocidental.
ÉPOCA CARTAGINENSE
O fato de que a cultura e a arte cartaginense sejam poucos conhecidos deve atribuir-se à destruição de Cartago a mãos dos romanos. Só há sido possível recuperar sarcófagos, criptas funerárias, máscaras de argila, ânforas e ornamentos, todos eles encontrados em mausoléus subterrâneos. Na maioria de estas peças não se reconhece um estilo próprio senão que trata-se de expressões influenciadas pelas culturas mais dominantes como a egípcia ou a grega. Sobre os ritos cartagineses se sabe que as famílias nobres sacrificavam seus primogênitos aos deuses Ball Hammom e Tanit para acalmar sua ira. Entre as construções mais importantes desta época encontra-se o Santuário de Tofet, "Tophet", situado na antiga cidade de Cartago e o mausoléu líbico-púnico em Dougga. No Museu Arqueológico de Cartago se exibe uma importante coleção de monumentos púnicos, sarcófagos, jóias, amuletos e cerâmica.
ÉPOCA ROMANA E BIZANTINA
Durante a época do Império Romano, em Tunísia predominaram os modelos clássicos, tanto na arquitetura como nas artes plásticas. As Basílicas cristãs de Bulla Regia, o Capitólio romano em Dougga, o anfiteatro em O Djem, as Termas de Antônio em Cartago, o foro de Sbeitla e outros muitos assentamentos, dão testemunho daqueles tempos. Cabe destacar, como algo próprio do solo norte-africano, a espontânea expressão dos mosaicos decorativos, a maior parte dos quais podem-se contemplar no Museu Nacional do Bardo. A herança bizantina se aprecia sobretudo nas ruínas de fortificações e igrejas de planta basilical e nos mosaicos funerários que naquele tempo tinham perdido a leveza própria dos mosaicos romanos.
A ÉPOCA ISLÂMICA
Os aglabitas iniciaram no século IX uma época de florescimento da cultura árabe. Enquanto que para a arquitetura exterior das mesquitas se buscou conscientemente a simplicidade, se pôs um grande interesse na decoração das superfícies interiores: desenhos geométricos ou traços ornamentados com suras, ensinamentos do Alcorão, adornavam as paredes e as colunas. Entre os tesouros artísticos da Tunísia se contam os numerosos nichos de oração mihrab, adornados com azulejos, o púlpito de madeira da mesquita de Sidi-Okbar, em Kairuán, a grande mesquita, conhecida como a de Azeitona, em Tunísia, os Ribat -fortalezas- de Susa ou Sousse e Monastir, entre outras muitas obras más. Com respeito a criações civis dos aglabitas destacam os aquedutos e as piscinas de Kairouán.
No século XII e XIII se impuseram as tendências artísticas andaluzas ou moriscas. Os arcos de ferradura e as abóbodas com estalactites e adornos de azulejos vidrados foram incorporados à arquitetura Tunisiana. Um exemplo deste estilo é a mesquita de Kasbah ou a primeira Medersa, a escola islâmica de teologia e direito, assim como de ciências naturais e literatura que funciona na atualidade, em Tunísia. A exceção das mesquitas otomanas de cúpula e minaretes octogonais introduzidas no século XVII pelos turcos, nos séculos seguintes não apareceram novos elementos estilísticos. A partir do século XIX realizam-se construções de catedrais do estilo oriental em Cartago e Tunísia.
LITERATURA
Como conseqüência do domínio estrangeiro durante muitos anos, em Tunísia não se desenvolveu uma unidade política ou cultural, o que tivesse podido dar origem a uma literatura beréber. Porém, personagens importantes de origem africano escreveram em latim, como Lucio Apuleyo, autor da novela satírica "O Asno de ouro e a Metamorfosis", do século II; o pai da Igreja e bispo de Cartago São Cipriano, foi o autor de várias obras apologéticas, nos anos 210-258, assim como São Agustín, bispo de Hipona, antiga cidade cartaginense em Argélia, em 354-430.
Como criações próprias existem contos e poemas épicos transmitidos de forma oral, que apesar de centrar-se em temas árabes, incorporam elementos autóctones introduzidos pelos próprios narradores. A literatura contemporânea têm estado muito mais marcada pelo sinal de luta da liberação. Desde a independência, numerosos temas literários tratam do passado tunisiano ou da atualidade da nação.
MÚSICA
A música popular têm sua origem em antiquíssimas tradições e se interpreta com flautas, trombetas e uns tambores planos fabricados com pele de cabra. Um instrumento parecido a uma cornamusa acompanha com freqüência as temperamentais danças dos bereberês.
A música maluf é uma versão hispano-árabe da música artística oriental muçulmana, introduzida pelos refugiados andaluzes que chegaram a Tunísia no século XVII e é a mais representativa da Tunísia. Os concertos realizam-se organizados num programa e o maluf está composto por uma série de ritmos que se repetem seguindo a mesma ordem, à cada um destes programas lhes chamam nawabh. A música se executa segundo uma antiga tradição com instrumentos como o violino, a harpa, as pandeiretas, a gaita, o tambor, a cítara, pequenos tambores, flauta e daburka. As peças vocais se executam em coro e utilizam tanto o idioma árabe literário como o dialetal.
ARTE POPULAR
O profundo sentido da tradição têm mantido vivo a arte popular do país, apesar da introdução de técnicas modernas. Como sucede em todo o âmbito islâmico, no artesanato da Tunísia a ornamentação das superfícies desempenha um papel muito importante. Objetos maravilhosamente talhados em ouro, prata ou madeira, as mantas, os magnificos e apreciados tapetes ou qualquer superfície disponível se ressalta com desenhos arabescos ou desenhos geométricos como pode-se apreciar também nos tapetes.
Entre as atividades manuais mais antigas encontra-se a fabricação de tapetes e a olaria. Os centros mais importantes de olaria e cerâmica encontram-se na Ilha de Djerba e em Nabeul, respectivamente. Em muitas oficinas se fabrica diversa cerâmica e numerosos objetos de barro sem cozer. Na sua maioria, os vasos, jarros e azulejos, todos eles realizam-se seguindo modelos antigos nos que imperam cores como o branco, azul, verde e o amarelo, todos muito característicos da Tunísia.
Não se pode esquecer tão pouco o excelente trabalho que realiza-se com o cincelado do cobre, uma antiga tradição realizada com perfeita precisão.
Fonte: www.rumbo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário