sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

BGT Arab

Pactual busca relação estratégica com fundos soberanos

Banco brasileiro pretende manter relacionamento duradouro com integrantes de consócio que anunciou aporte de US$ 1,8 bilhão na instituição, entre eles o governo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes.
Alexandre Rocha alexandre.rocha@anba.com.br
São Paulo – O banco brasileiro de investimentos BGT Pactual, que anunciou esta semana um aumento de US$ 1,8 bilhão em seu capital, por meio de aporte de um consórcio de investidores que inclui o governo de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, pretende ter uma “relação estratégica” com os novos sócios, especialmente os fundos soberanos que integram o grupo. Além do emirado, fazem parte do consórcio instituições dos governos de Cingapura e da China.

“[Um dos nossos objetivos é] estabelecer um relacionamento estratégico com esses investidores, principalmente os fundos soberanos”, disse o CEO do banco, André Esteves, em teleconferência realizada no início da semana. Isso porque, segundo ele, os fundos são “investidores significativos, com enorme quantidade de capital e, principalmente, capital de qualidade, que visa o longo prazo”. O consórcio tem também integrantes privados.

Ele destacou que as três instituições estão entre “os principais investidores globais”. O fundo de Abu Dhabi é considerado o maior do mundo e já tem investimentos no Brasil nos setores de imóveis, bancário e no mercado de capitais. Para o executivo, a entrada dessas entidades como sócias de um banco brasileiro “é um marco”.

“É um enorme sinal de confiança no futuro do Brasil e uma ótima janela para suprir essa demanda por capital de longo prazo que nossa economia tem e que ainda vai ter por um bom tempo”, destacou Esteves. O negócio, em sua avaliação, mostra que os fundos “compartilham do otimismo com o futuro do Brasil” e que o país e a América Latina como um todo são promissores do ponto de vista dos investimentos.

O executivo ressaltou que o aporte “cai como uma luva” nas necessidades de investimentos que o Brasil tem hoje e terá nos próximos anos, especialmente no ramo de infraestrutura. O mercado imobiliário é também uma área de interesse dos integrantes do consórcio.

“Alguns deles já têm investimentos no Brasil na área imobiliária e eu imagino que no futuro [isso] será ampliado”, declarou Esteves. A Abu Dhabi Investment Authority (Adia), braço executivo do fundo do emirado, por exemplo, é dona de uma torre comercial no centro do Rio de Janeiro.

Mais recursos

Outro objetivo do aporte, de acordo com ele, é “aumentar a base de capital” das operações do banco. Hoje o BTG Pactual tem capital de US$ 2,5 bilhões. Com a entrada dos novos recursos, o que deve ser feito até o final deste mês, vai para US$ 4,3 bilhões.

“[Isso ocorre] em um momento em que o Brasil cresce e nossos clientes expandem suas atividades tanto no Brasil como no exterior”, afirmou Esteves, acrescentando que as oportunidades existentes estavam acima do montante disponível no banco atualmente. “É uma novidade positiva no Brasil”, disse.

O banco terá mais condições de intermediar operações entre clientes que precisam de dinheiro para projetos e investidores em busca de oportunidades. Para ele, o aval dos fundos garante maior respaldo à instituição no mercado internacional. “[A operação] cria uma capacidade de investimento muito importante para o Brasil”, destacou.

Esteves afirmou que a operação é inédita no país e informou que ela foi escolhida em vez de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Ele ressaltou, porém, que o lançamento de papéis no mercado de capitas pode ocorrer no médio prazo. “[A abertura do capital] é o futuro natural de qualquer empresa que está crescendo e que quer se perpetuar”, disse.

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