segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Omã

Omã propõe criação de 'Mercado Brasileiro'

Representantes do governo omanita propuseram à delegação empresarial brasileira que está no Oriente Médio a abertura de entrepostos no Porto de Sohar, onde a mineradora Vale tem um empreendimento.
Alexandre Rocha, enviado especial alexandre.rocha@anba.com.br
Riad – Representantes do governo de Omã propuseram, nesta sexta-feira (03), a criação de um “Mercado Brasileiro” no Porto de Sohar à delegação brasileira que está em missão comercial ao Oriente Médio. Os omanitas se reuniram com o grupo organizado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) em Riad, na Arábia Saudita, penúltima etapa da viagem.
Alexandre Rocha/ANBA Alexandre Rocha/ANBA
Delegações dos dois países no hotel Al Faisaliah, em Riad


O CEO da Zona Franca de Sohar, Jamal Aziz, disse ao ministro Miguel Jorge que empresas brasileiras podem se estabelecer no local para armazenar seus produtos e de lá distribuí-los no Oriente Médio, Ásia e África. Ele destacou que há grandes oportunidades, principalmente no ramo de alimentos e citou itens como carne bovina, frangos e até frutas frescas.

O país, como outros do mundo árabe, quer passar a importar diretamente dos produtores, evitando cada vez mais os intermediários. “Hoje há muita gente comendo fatias do mesmo bolo”, afirmou.

A diretora geral do Departamento de Planejamento do Ministério da Indústria e Comércio de Omã, Manal Mohammad Al-Abdwani, acrescentou que outros produtos de interesse do país são arroz, açúcar, lentilha, trigo, leite em pó e chá. “Para as reservas estratégicas de alimentos [do país]”, declarou.
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Aziz (C): demanda por alimentos


Desde que houve a crise mundial de alimentos, no início de 2008, com aumento de preços e forte demanda, os países árabes têm manifestado grande preocupação com a segurança alimentar. As nações da Península Arábica, por exemplo, embora ricas em petróleo, têm clima desértico e produção agropecuária insuficiente para alimentar suas populações.

Aziz, que já havia se encontrado com Jorge quando o ministro esteve em Omã em setembro, disse que o governo do seu país pretende promover uma missão ao Brasil no próximo ano para tratar do tema com produtores rurais e indústrias de alimentos.

Para convencer empresas brasileiras a aceitarem o empreendimento, ele informou que o Porto de Sohar, e especialmente a zona franca, oferece uma série de incentivos, como isenção de impostos, propriedade total dos negócios, infraestrutura, boa logística, com rodovias, ferrovia e aeroporto, além do fácil acesso por mar. O porto fica no Golfo de Omã, na entrada do Mar da Arábia, que é a ponta do Oceano Índico. Atracando lá, os navios não precisam atravessar o Estreito de Ormuz e entrar no Golfo, reduzindo drasticamente os custos com seguros, segundo Aziz.
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Mmanal: Omã quer diversificar sua economia


“[As empresas] terão a vantagem de vender mais barato”, destacou o executivo. Ele acrescentou que o porto oferece acesso fácil para mercados como Dubai e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, Irã, Paquistão e Índia. O diretor geral de administração e finanças do Centro Omanita de Promoção de Investimentos e Desenvolvimento das Exportações (Ociped, na sigla em inglês), Ali Rashed Al Balushi, citou ainda destinos como Iêmen e Sudão.

O grande trunfo dos omanitas para convencer empresas brasileiras a se instalarem no sultanato é a presença da Vale no país. A mineradora brasileira participa da construção de um terminal marítimo e de uma usina de pelotização de minério de ferro em Sohar, sendo que a estrutura do cais está a cargo da própria administração do porto. “Estamos investindo para a Vale trazer 10 milhões de toneladas de minério de ferro para Sohar”, afirmou Aziz, referindo-se à capacidade do empreendimento.

Manal informou ainda que os negócios em Sohar se inserem na estratégia do país de diversificar sua economia, diminuindo a dependência no petróleo, desenvolver o mercado de trabalho local e o setor privado.

Comitê

Jorge propôs a criação de um grupo de trabalho para levar a ideia adiante com participação de diferentes órgãos do governo e auxílio de instituições privadas como a Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

O presidente da Câmara Árabe, Salim Taufic Schahin, disse que a entidade pode auxiliar na procura por setores e empresas que tenham interesse na empreitada. Ele colocou a organização à disposição dos omanitas.

Neste sábado, os empresários que integram a delegação brasileira vão participar, em Riad, de rodadas de negócios com companhias sauditas. O encontro inclui uma mostra exclusiva do ramo de alimentos organizada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), além de workshops sobre investimentos nas áreas de infraestrutura e agronegócio no Brasil.

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