segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Tratores

Tratores flex para países de clima quente

A AGCO Sisu Power desenvolve motores para máquinas agrícolas que funcionam com diesel e etanol. Novo sistema deve estar disponível no Brasil em 2012 e é ideal para países de clima quente.
Aurea Santos aurea.santos@anba.com.br
São Paulo – A AGCO Sisu Power, fabricante de motores para equipamentos agrícolas, está desenvolvendo um motor flex, que funciona com diesel e etanol, pensado especialmente para o mercado brasileiro. O novo motor deve estar disponível a partir de 2012 e será utilizado em tratores e colheitadeiras das marcas Valtra e Massey Ferguson – pertencentes ao grupo americano AGCO.

O equipamento está sendo desenvolvido em parceria pelas unidades brasileira e finlandesa da empresa. Na Finlândia, um dos engenheiros da companhia está realizando uma dissertação de mestrado sobre o tema, enquanto no Brasil trabalha-se a parte prática de injeção eletrônica do sistema.

Os equipamentos com motores flex visam atender a demanda do mercado sucroalcooleiro no Brasil, mas devem ser vendidos também no exterior, principalmente em países de clima quente, já que o etanol apresenta um desempenho melhor em temperaturas mais altas.

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Motores poderão substituir até 70% de diesel pelo etanol
Com o clima mais do que adequado para o funcionamento do motor flex, Ricardo Huhtala, diretor da AGCO Sisu Power, acredita que os países árabes do Oriente Médio e Norte da África possam ter interesse nos equipamentos brasileiros. "Eu acho que pode ser atrativo se o país tiver disponibilidade de etanol", diz. Ele acrescenta ainda que os motores que a empresa já utiliza atualmente podem ser abastecidos também com biodiesel, produzido a partir de produtos vegetais como mamona, soja ou girassol, por exemplo.

Os novos motores flex poderão substituir até 70% do diesel pelo etanol. Pelas mudanças que serão necessárias para a adaptação das máquinas agrícolas aos novos motores, os equipamentos deverão custar um pouco mais que os convencionais, mas a diferença não deverá ser muito grande.

“Quando a gente fala em diesel com álcool, não falamos só de combustível, vamos ter que alterar o trator. Vai ser uma diferença significativa, mas a gente ainda está apurando estes dados”. Ruhtala estima que as máquinas com motores flex deverão custar entre 10% e 15% mais que as tradicionais.

De acordo com o executivo, a empresa irá observar a aceitação do mercado aos novos motores para poder definir as expectativas de venda dos equipamentos. Por alto, ele estima que serão comercializadas cerca de duas mil máquinas por ano.

Atualmente, a AGCO exporta tratores da Massey Ferguson a partir do Brasil para países da América do Sul, Europa, Ásia e África. Entre os importadores árabes, estão a Arábia Saudita, Marrocos e Iraque. “A Massey é uma marca mais forte nessa região. Temos uma participação em todos os países do Oriente Médio, principalmente com a Massey Ferguson”, destaca Ruhtala.

Até outubro deste ano, as exportações representavam 20% do faturamento do grupo no Brasil. Em 2010, os principais mercados da unidade brasileira foram Argentina, Estados Unidos, Paraguai, Chile e Bolívia. A AGCO não espera um aumento das exportações para 2011 devido à valorização do real.

Presença em mais de 140 países

O grupo AGCO é um dos maiores produtores de equipamentos e tecnologia agrícola do mundo. Ele está presente em mais de 140 países, sendo proprietário das marcas Valtra, Massey Ferguson, Challenger e Fendt, além de outras de suporte que atuam com serviços financeiros, suporte técnico, produção de peças e desenvolvimento de motores, entre outros.

No Brasil, a empresa possui fábricas nas cidades de Canoas, Santa Rosa e Ibirubá, no Rio Grande do Sul, e em Mogi das Cruzes, no estado de São Paulo, onde está a produção da AGCO Sisu Power.

Até o encerramento deste ano, a unidade de Mogi deve produzir 20 mil motores, número que deve saltar para até 40 mil em três anos. A AGCO Sisu Power emprega 150 funcionários no Brasil e tem um faturamento local em torno de US$ 150 milhões. Considerando todas as operações da AGCO no Brasil, a empresa tem 3,98 mil funcionários.

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