sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

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Situação se agrava na Tunísia e oposição denuncia mais de 60 mortes

Miguel Albarracín.

Túnis, 13 jan (EFE).- Os distúrbios continuaram nesta quinta-feira na Tunísia, especialmente na capital e em outras regiões como a de Gafsa e a turística Hammamet, enquanto as associações de direitos humanos elevaram para 66 o número de mortos desde o início dos protestos.

De Paris, a presidente da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), Souhayr Belhassen, assegurou que a esses 66 mortos já identificados é preciso somar outros oito corpos que chegaram aos hospitais e ainda não foram reconhecidos.

O último número oficial de vítimas divulgado pelo Governo na terça-feira falava de 21 mortos em todo o país, enquanto os partidos de oposição e os sindicatos elevam o balanço para mais de 60 vítimas fatais.

Na capital tunisiana, pelo menos um manifestante morreu baleado nesta quinta-feira no centro da cidade, depois que a Polícia avançou contra uma manifestação de professores e estudantes perto da Avenida Habib Bourguiba, disseram à Agência EFE fontes da oposição e testemunhas.

As forças policiais tentaram impedir os manifestantes que estavam nas ruas adjacentes de chegarem à Avenida Bourguiba, a mais popular de Túnis. Para isso, usaram gás lacrimogêneo e, posteriormente, armas de fogo, segundo as fontes citadas.

Um professor que tentava participar da manifestação indicou à EFE que compareceu ao ato em protesto pela morte, na quarta-feira, do professor universitário franco-tunisiano Hatem Betahar, na cidade de Douz, no sul do país.

No centro de Túnis os pedestres viveram momentos de grande tensão e fugiram apavorados para todas as direções perante o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo.

Com a dissolução da manifestação, na parte antiga de Túnis, grupos de jovens enfrentaram policiais e lançaram coquetéis molotov contra a sede do partido no poder, o Reagrupamento Constitucional Democrático (RCD), e vários escritórios bancários.

Dezenas de pessoas procuraram os hospitais com crises respiratórias ou de nervos depois que a saída para as ruas do centro da capital ficaram bloqueadas.

Perante a situação, o Governo decidiu antecipar em duas horas o começo do toque de recolher decretado na quarta-feira na capital, por isso a proibição de sair à rua entrou em vigor nesta quinta-feira às 18 horas (15h de Brasília).

Na capital tunisiana também morreu baleado, na noite de quarta-feira, um jovem de 25 anos, chamado Nadjid, pouco antes de entrar em vigor o toque de recolher em Cité Etadamen, um bairro pobre dos arredores da cidade.

Também ocorreram nesta quinta-feira distúrbios nas cidades de Nabel e Dar Chabán, perto da localidade turística de Hammamet, onde várias pessoas tiveram que buscar refúgio em casas de amigos e conhecidos diante do medo de serem arrastadas pelos manifestantes, que incendiaram um escritório dos Correios e uma Delegacia de Polícia.

Na região de Gafsa, que já viveu uma onda de revoltas sociais em 2008, os manifestantes atacaram três delegacias de Polícia, queimaram um grande supermercado e assaltaram o escritório dos Correios, apesar do toque de recolher.

Por outra parte, o primeiro-ministro tunisiano, Mohamed Ghannouchi, convocou separadamente, na tarde desta quinta-feira, os dirigentes dos três partidos da oposição, indicaram à EFE fontes destas formações.

Segundo fontes parlamentares, em uma nova tentativa de acalmar a situação, o presidente tunisiano, Zine el Abidine Ben Ali, teria destituído seu porta-voz e conselheiro especial, Abdelaziz Ben Dhia, e nomeado em seu lugar Mohammed Jgham, uma figura conhecida no país por seu desejo reformador

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