Alfabeto tifinagh
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O alfabeto tifinagh (
em neo-tifinagh, Tifinaɣ em berbere latinizado) é um alfabeto usado por alguns povos berberes para escrever línguas berberes. Esse alfabeto não é usado na comunicação ordinária, diária, mas serve para marcar de forma política e simbólica a identidade berbere.

Índice[esconder] |
[editar]História
A escrita tifinagh original apresenta poucas letras, com pouquíssimas vogais e sua escrita é vertical. É usada tão somente pelos tuareg, o único povo amazigh que ainda usa a antiga escrita líbico-berbere, que é derivada de uma escrita mais antiga, o "líbio" ou "líbio-amazigh". Há registros do uso dessa escrita por povos amazigh ao longo do Norte da África e talvez nas Canárias desde o século III AC até o século III DC.
Trata-se de uma língua de origem fenícia. Seu nome tifinagh vem possivelmente do fenício tafineqq (letras fenícias), outros atribuem seu nome à expressão fenícia tifin negh, "nossa invenção"[1][2].
Estudiosos e ativistas da identidade bérbere modificaram e adaptaram o alfabeto tifinagh original para um neo-tifinagh, desenvolvido na Academia Berbere nos anos 1960, com vogais, escrita da esquerda para direita. Mais recentemente fontes para PC são disponíveis.
[editar]Variantes
- São duas as formas de tifinagh:
- A variante oriental usada em Constantine, Argélia, também em aures e na Tunisia. É a versão que foi melhor decifrada pela descoberta de muitas inscrições bilíngües numídias em regiões da Líbia e Tunísia. São 24 letras das quais 22 foram decifradas.
- A variante ocidental é mais primitiva, foi usada na costa do Mediterrâneo entre Kabila até as Ilhas Canárias. Usava mais 13 letras do que a versão oriental.
- Essa escrita líbico-berbere era um abjad, sem vogais.
- A escrita era vertical, de baixo para cima, ou da direita para esquerda, apresentando mesmo outras distribuições.
- Não tinha marcação de vogais longas ou curtas.
Fenício | Som | Líbyco-Bérbere Leste |
---|---|---|
![]() | ʾ | |
![]() | b | |
![]() | g | |
![]() | d | |
![]() | h | |
![]() | w | |
![]() | z | |
![]() | ḥ | |
![]() | ṭ | |
![]() | y | |
![]() | k | |
![]() | l | |
![]() | m | |
![]() | n | |
![]() | s | |
![]() | ɛ | |
![]() | p,f | |
![]() | ṣ | |
![]() | q | |
![]() | r | |
![]() | š | |
![]() | t | |
ẓ | ||
j |
[editar]Tifinagh tradicional (tuareg)
Tradicionalmente, essa escrita não marca as vogais, exceto aquelas do final de palavras. Recentemente houve propostas para a marcação das vogais, como ocorre em certas áreas com o uso de diacríticos árabes aplicados às letras tifinagh.
A forma dos caracteres varia bastante ao longo da extensa área geográfica de uso do tifinagh. Também variam as formas (sentidos) da escrita, sendo a mais comum a da direita para a esquerda, havendo, porém, o sentido vertical, de baixo para cima, em antigas inscrições "líbias". Por vezes a escrita Tifinagh é usada para escrever outras línguas da região, tais como o tagdal, do grupo songhay.
[editar]Neo-tifinagh
Nos anos 1960, um grupo de jovens berberistas de Kabila criaram a Academia Bérbere e desenvolveram uma nova versão da escrita, o "neo-tifinag", que é escrito da esquerda para direita, marca as vogais e apresenta mais letras. Foram publicados textos, artigos e revistas nessa escrita que se popularizou entre os Kabila, como no "Movimento Cultural Berbere", no "JS Kabylie", no "Rali pela Cultura e Democracia", sendo adotada nas áreas onde o berbere é falado.
Houve ainda outras propostas de modificações no tifinagh: do "Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais (Inalco, Prof. Salem Chaker), da associação Afus Deg Wfus de Roubaix-França, da Revista de Marrocos, de produtores de Software da Arabia Ware Benelux (Holanda) e do Instituto Real de Cultura Amazigh (Marrocos, IRCAM)".
Pessoas que usavam essa escrita eram presas por esse motivo nos anos 1980 e 90. Até pouco tempo não havia nem livros nem websites disponíveis na escrita neo-tifinagh.. Mesmo ativistas utilizavam o alfabeto latino e mais raramente o árabe, ficando o tifinagh apenas para uso simbólico, com os livros e websites em latino ou arábico simplesmente apresentando logotipos ou títulos nessa escrita. Porém, no Marrocos em 2003, o rei adotou essa escrita como uma das oficiais, visando tomar uma posição neutra na disputa entre os defensores da escrita árabe e da escrita latina. Com isso, livros passaram a ser publicados em tifinagh, sendo esse alfabeto ensinado em algumas escolas. Marrocos é único país que tem esse alfabeto como oficial[3].
[editar]Codificação da escrita neo-tifinagh
O neo-tifinagh é codificado pelo Unicode de U+2D30 até U+2D7F, desde a versão 4.1.0. São definidos 55 caracteres, que são de fato os mais utilizados. No ISO 15924 o código para o neo-tifinagh é Tfng.
Código | +0 | +1 | +2 | +3 | +4 | +5 | +6 | +7 | +8 | +9 | +A | +B | +C | +D | +E | +F |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
U+2D30 | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() |
U+2D40 | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() |
U+2D50 | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() |
U+2D60 | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | ![]() | |||||||||
U+2D70 |
Tabela de Comparação entre "Glyph" e sua transliteração.
Cor | Significado |
---|---|
Tifinagh básico (IRCAM) | |
Tifinagh estendido (IRCAM) | |
Outras letras tifinagh | |
Letras modernas tuareg | |
Posição não usada |
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário